Hora de tomar risco? [Resumo Semanal 11/12]
Rafael Ribeiro
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Mercado corre para precificar Copom e tomada de risco começa fazer sentido novamente – Confira o que aconteceu no mercado na última semana (18/01 a 22/01) e quais são as perspectivas futuras
Em sua 236ª reunião, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a Selic em 2,00% a.a. e como esperado (veja mais aqui) foi “duro” nas suas sinalizações sobre a manutenção da política monetária expansionista. Em poucas palavras, existe mais chance de subir a Selic ao longo do ano do que manter em 2%, sendo que um corte está descartado.
A primeira sinalização mais “dura”, que traduz o termo hawkish, foi o fim do forward guidance, que era o mecanismo usado pelo Bacen para sinalizar ao mercado que não elevaria a taxa de juro enquanto as expectativas de inflação estavam controladas.
Portanto, assim como sinalizado no último comunicado, o Copom está preparado para agir, no caso subir a Selic, caso for mantida a pressão inflacionária que estamos vendo, mesmo diante da perspectiva do próprio Comitê de desaceleração da economia e, por consequência, uma acomodação dos preços ao longo do ano.
Com isso, o mercado não está mais preocupado se o Copom vai subir os juros como de meados até o fim do ano passado, isso já está dado, mas a dúvida agora será quando o Comitê irá tomar essa decisão e, segundo o próprio, não deve ser em breve:
“O Comitê reitera que o fim do forward guidance não implica mecanicamente uma elevação da taxa de juros pois a conjuntura econômica continua a prescrever, neste momento, estímulo extraordinariamente elevado frente às incertezas quanto à evolução da atividade”
Dito isso, acredito que o Copom irá esperar mais um pouco e não irá subir a Selic na reunião de 16/17 de março, opinião contrária ao aumento de 0,25 ponto percentual precificado pelo mercado. Na verdade, quando fotografamos a curva, para o fim do ano o mercado projeta Selic em 3,5% e 5% para 2022, esse último me parece um exagero levando em conta todas as sinalizações dadas pelo Copom + tese que crescimento deve decepcionar (veja mais aqui).
Por isso, na minha opinião, no patamar atual a curva está exagerando na precificação mesmo levando em conta inflação e neste caso não há upside para capturar, ou seja, o nível de risco teoricamente atingiu seu “nível de topo” e começo ficar atento para comprar justamente os setores que foram impactados diretamente por isso, como o caso de construção civil.
Onde essa análise pode errar?
Onde tenho muito receio das coisas não andarem: política fiscal. O lado fiscal ainda é uma verdadeira incógnita indo para o penúltimo ano de governo e essa preocupação é muito bem vista da parte longa da curva, com o janeiro 28 batendo em 7% ao ano.
Assim, as sinalizações do governo serão extremamente importantes para reduzir esse prêmio (sinalizações positivas) ou aumentar o prêmio na curva toda rumo ao nível da crise do covid se medidas populares em resposta à queda de popularidade do governo + sem caixa para novas medidas de estímulo – entenda mais aqui.
Agenda econômica da próxima semana
Na segunda, a B3 estará fechada por conta do aniversário de São Paulo.
Na terça, às 8h00, atenção para a ata do Copom e às 9h00 ao resultado do primeiro IPCA-15 do ano, enquanto às 22h30 olho aberto no lucro industrial chinês de dezembro.
Na quarta, às 10h30, será divulgado nos EUA os pedidos de bens duráveis de dezembro, sendo que o grande destaque do dia fica por conta da primeira reunião do Fed de 2021, que conta com o comunicado às 16h00 e a fala de Jerome Powell às 16h30.
Na quinta, às 8h00, vale ficar de olho no IGP-M de janeiro, sendo que logo após, às 10h30, será divulgada a preliminar do PIB dos EUA do quarto trimestre.
Na sexta, às 10h30, serão divulgados 3 indicadores nos EUA de dezembro: renda pessoal, gasto pessoal e índice de inflação do PCE, que é o mais acompanhado pelo Fed em suas decisões.
Por fim, no sábado, às 22h00, toda atenção para o primeiro PMI industrial chinês do ano.